quarta-feira, 25 de março de 2009

Novo eufemismo para “invasão”

As invasões urbanas em Marabá e a falta de regularização fundiária tornaram-se uma convulsão social. Os líderes dos 25 movimentos que ocupam áreas indevidamente tratam de arranjar a cada dia um novo eufemismo para a palavra “invasão”. Acham que a carga pejorativa é muito pesada para designar a ação de movimentos sociais. Por isso, há algum tempo incorporaram a palavra “ocupação”, mais suave, mas agora apresentam uma designação quase acadêmica: “comunidades emergentes”.
Este último termo foi apresentado por um líder de ocupação urbana de Marabá na quarta-feira, 25 de março último, em audiência na Câmara Municipal de Marabá, para discutir a situação de cada uma das invasões. Raimundo Souza, da Folha 35, foi quem inovou com “comunidades emergentes” e ganhou aplauso de seus pares.
Independente dos nomes que recebem, a invasão virou uma indústria em Marabá. Há dezenas de pessoas que vivem de especulação imobiliária, invadindo área, vendendo pouco tempo depois por preço exorbitante e invadindo de novo em outro local.
Eles usam sofismas que sensibilizam muita gente. “Não temos onde morar, precisamos de casa, temos direito”. E têm mesmo. Claro que a maioria dos latifúndios urbanos foi conquistada de forma irregular, mas um erro não justifica o outro. E não é preciso ser profeta para anunciar o que vai acontecer em breve. Com as autoridades desapropriando as áreas agora invadidas, as “comunidades emergentes” vão submergir de novo para tentar emergir em seguida, criando um ciclo vicioso.
A continuar argüindo pretensas verdades, cultivando utopias e incentivando futuras aventuras de guerrilhas urbanas, alicerçadas na doutrina do “lute por seus direitos”, vamos ingressar em inevitáveis extermínios em massa, em fogueiras de favelas, e vamos achar que isso é natural, que isso é o ‘survival for the fittest’ (‘sobrevivência do mais forte).

3 comentários:

  1. Caro Ulisses,

    Discordo de que as ocupações são feitas indevidamente, pois o que se tem feito indevidamente são as implantaçoes de ptojetos nesta região, sem qualquer discussão com a sociedade, com a população, vejamos agora o caso da implantação do Novo Distrito Industrial ( ou terceira fase do atual), numa área fora do atual e com o valor exorbitante que o governo vai gastar para agradar a VALE.
    Enquanto isso, a cidade vai crescendo, absorvendo todos os dias novas levas de migrantes. E repito, nunca essa cidade teve um plano habitacional. O verador Miguelito até tentou ontem desqualificar as lideranças, mas o que a SUDAM e o Governo do Estado fizeram nos meados da decáda de 70, não foi absolutamente um plano de habitação.
    Marabá vive sobre impactos dos grandes projetos, logo o crecimento através das ocupaçoes é inevitavel quando não se tem planejamento.
    O fato das vendas de lotes e a comercialização propriamente dita, é consequancia da ausencia de governo. O órgão responsavel, SDU é e foi sempre gerenciado por "politico de carreira" que se preocupa em organiza seu "curral eleitoral", e não por técnicos preparados.
    è preciso refletir sobre o modelo de desenvolvimento, porque este é o qeu fomenta o processo de crescimento e das ocupações.
    Na verdade como os tais proprietários adquiriram os tais grandes e extenso lotes?
    È preciso fazer o debate e acima de tudo independente de nomenclatura e "eufemismo", entender que há um grande problema a ser resolvido.

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  2. Seja bem vindo, mano. Já coloquei o Afluente entre os meus recomendados no Quaradouro.

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  3. Está faltando atualizar esse Afluente. Vai pra mês?

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